Pages

RSS Feed

domingo, 16 de janeiro de 2011

...Belo Monte....não vamos aceitar mais um desatre ambiental!!!

Olá amigos,
infelizmente minha primeira postagem é sobre a famigerada construção da Usina de Belo Monte que o governo federal insiste em construir no Rio Xingu. Dessa vez, foi o Presidente do IBAMA, Abelardo Bayama Azevedo que se demitiu no dia 14, sob forte pressão para permitir a construção do desastroso Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, que caso venha a ser executado irá devastar uma área imensa da Amazônia e expulsar milhares de pessoas, ou seja, um completo desastre.
A mega usina de Belo Monte irá cavar um buraco maior que o Canal do Panamá no coração da Amazônia, alagando uma área imensa de floresta e expulsando milhares de indígenas da região. Os únicos beneficiados pela tal usina são os donos das empresas que irão lucrar com a barragem e estão tentando atropelar as leis ambientais para começar as obras em poucas semanas. Só lembrando que o ex-presidente do IBAMA não é a primeira renúncia causada pela pressão para a construção da usina, seu antecessor também pediu demissão pelo mesmo motivo e a ex-Ministra do Meio Ambiente Marina Silva também caiu por ser contra a construção da usina e de outros projetos do governo.
Existe uma forte pressão da ELETRONORTE para que o IBAMA libere a licença ambiental, mesmo com muitas e graves irregularidades.
Diga não a este desastre ambiental que pode ser evitado. Assine a petição para a não construção dessa incoerência no site abaixo:

https://secure.avaaz.org/po/pare_belo_monte/?vl

Gerson

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Belo Monte...a luta continua...

Em artigo publicado no Jornal Valor, caciques indígenas desabavam contra futura construção da tal usina de Belo Monte no Rio Xingu a ser enfiada goela abaixo pelo atual governo.
Eis o artigo:
Nós, indígenas do Xingu, estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, mas lutamos também pelo futuro do mundo. O presidente Lula disse na semana passada que ele se preocupa com os índios e com a Amazônia, e que não quer ONGs internacionais falando contra Belo Monte. Nós não somos ONGs internacionais. Nós, 62 lideranças indígenas das aldeias Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Terra-Wanga, Boa Vista Km 17, Tukamã, Kapoto, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone, já sofremos muitas invasões e ameaças. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nós índios já estávamos aqui e muitos morreram e perderam enormes territórios, perdemos muitos dos direitos que tínhamos, muitos perderam parte de suas culturas e outros povos sumiram completamente. Nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio. Não queremos mais que mexam nos rios do Xingu e nem ameacem mais nossas aldeias e nossas crianças, que vão crescer com nossa cultura.
Não aceitamos a hidrelétrica de Belo Monte porque entendemos que a usina só vai trazer mais destruição para nossa região. Não estamos pensando só no local onde querem construir a barragem, mas em toda a destruição que a barragem pode trazer no futuro: mais empresas, mais fazendas, mais invasões de terra, mais conflitos e mais barragem depois. Do jeito que o homem branco está fazendo, tudo será destruído muito rápido. Nós perguntamos: o que mais o governo quer? Pra que mais energia com tanta destruição?
Já fizemos muitas reuniões e grandes encontros contra Belo Monte, como em 1989 e 2008 em Altamira-PA, e em 2009 na Aldeia Piaraçu, nas quais muitas das lideranças daqui estiveram presentes. Já falamos pessoalmente para o presidente Lula que não queremos essa barragem, e ele nos prometeu que essa usina não seria enfiada goela abaixo. Já falamos também com a Eletronorte e Eletrobrás, com a Funai e com o Ibama. Já alertamos o governo que se essa barragem acontecer, vai ter guerra. O Governo não entendeu nosso recado e desafiou os povos indígenas de novo, falando que vai construir a barragem de qualquer jeito. Quando o presidente Lula fala isso, mostra que pouco está se importando com o que os povos indígenas falam, e que não conhece os nossos direitos. Um exemplo dessa falta de respeito é marcar o leilão de Belo Monte na semana dos povos indígenas. Por isso nós, povos indígenas da região do Xingu, convidamos de novo o James Cameron e sua equipe, representantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre (como o movimento de mulheres, ISA e CIMI, Amazon Watch e outras organizações). Queremos que nos ajudem a levar o nosso recado para o mundo inteiro e para os brasileiros, que ainda não conhecem e que não sabem o que está acontecendo no Xingu. Fizemos esse convite porque vemos que tem gente de muitos lugares do Brasil e estrangeiros que querem ajudar a proteger os povos indígenas e os territórios de nossos povos. Essas pessoas são muito bem-vindas entre nós.
Nós estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, pelas nossas florestas, pelos nossos rios, pelos nossos filhos e em honra aos nossos antepassados. Lutamos também pelo futuro do mundo, pois sabemos que essas florestas trazem benefícios não só para os índios, mas para o povo do Brasil e do mundo inteiro. Sabemos também que sem essas florestas, muitos povos irão sofrer muito mais, pois já estão sofrendo com o que já foi destruído até agora. Pois tudo está ligado, como o sangue que une uma família. O mundo tem que saber o que está acontecendo aqui, perceber que destruindo as florestas e povos indígenas, estarão destruindo o mundo inteiro. Por isso não queremos Belo Monte. Belo Monte representa a destruição de nosso povo.
Para encerrar, dizemos que estamos prontos, fortes, duros para lutar, e  lembramos de um pedaço de uma carta que um parente indígena americano falou para o presidente deles muito tempo atrás: " Só quando o homem branco destruir a floresta, matar todos os peixes, matar todos os animais e acabar com todos os rios, é que vão perceber que ninguém come dinheiro.
É isso.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Calango corteja "noiva cádaver"



Ele a abraçou forte, tentando conquistar sua atenção com os carinhos de praxe. Um rival se aproximou dos dois e, repetidas vezes, ao longo de quase meia hora, ele o enxotou dali. Tudo em vão: ela estava morta.

Essa cena de romance gótico foi registrada por biólogos numa estrada de terra do município de Inhapim (MG), e os protagonistas são calangos da espécie Ameiva ameiva, um dos lagartos mais comuns do Brasil. Ao que parece, na ânsia de se acasalar, os machos da espécie acabam virando necrófilos.
"Uma coisa parecida com a mesma espécie já tinha sido vista na Amazônia, só que a fêmea que o macho estava tentando fecundar tinha acabado de ser morta, então não teria dado tempo de ele perceber isso", explica o biólogo Henrique Caldeira Costa, mestrando da Universidade Federal de Viçosa (MG). No caso descrito por Costa e seus colegas na revista científica "Herpetology Notes", por outro lado, é possível que a calanga estivesse morta há mais tempo, provavelmente por atropelamento.
Segundo um coautor do estudo, Emanuel Teixeira da Silva, também de Viçosa, os biólogos, de carro, primeiro acharam que se tratava de um único bicho. Pararam para fotografá-lo e só então notaram que se tratava de uma desajeitada tentativa de cópula. "A fêmea estava de língua de fora, com os olhos esbugalhados, claramente morta", diz Costa, que não estava no local. Apesar de abraçá-la e esfregar seu papo nas costas dela, o macho não chegou a penetrá-la com seu hemipênis (pênis duplo da espécie).
Como se não bastasse o fracasso, ele ainda teve de colocar para correr mais de uma vez um macho menor que também se interessou pelo cadáver.
O engano provavelmente tem várias causas. Primeiro, uma necrópsia da fêmea revelou que ela estava apta a ser fecundada quando morreu. As calangas costumam deixar uma trilha de cheiro quando receptivas, o que, claro, atrai os dois machos. E, exposto na estrada num dia de calor, seu corpo ainda estava quente, o que teria confundido os pretendentes.

Darwin explica
À primeira vista, ter interesse romântico por cadáveres parece um estorvo para o macho, que deveria ser eliminado pela seleção natural. No entanto, especula-se que esses "enganos" necrofílicos sejam um subproduto da tentativa de ser sempre o primeiro a abordar uma fêmea, o que, no longo prazo, acabaria compensando.

Fonte: Folha Online

terça-feira, 23 de março de 2010

Um pouco de Humor: Vestibulanda de 19 anos revela problema de Camões

O Vestibular da Universidade de São Paulo cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de um poema de Camões:

“Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer”.

Uma vestibulanda de 19 anos deu a sua interpretação em forma de poesia:


"Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
eses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!"

Ganhou nota máxima, pois foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que  Camões precisava mesmo era de uma mulher...

quarta-feira, 17 de março de 2010

Teoria de Einstein se aplica ao Universo

Estudo demonstra que a Relatividade de Einstein se aplica a todo Universo.
Agência FAPESP – A análise de mais de 70 mil galáxias, conduzida por um grupo internacional de físicos, demonstrou que o Universo funciona de acordo com as regras descritas há quase 100 anos por Albert Einstein – tanto nas proximidades da Terra como a mais de 3,5 bilhões de anos-luz de distância.
Ao calcular a união dessas galáxias, que formam aglomerados e se estendem por quase um terço da distância até o virtual limite do Universo, e ao analisar as velocidades e distorções desse fenômeno, os pesquisadores demonstraram que a Teoria da Relatividade Geral se aplica ao que ocorre em escala cósmica.
Outra consequência direta do estudo é que a existência de matéria escura é a explicação mais provável para a constatação de que as galáxias e os aglomerados se movem pela influência de algo a mais do que é possível observar.
“Uma consequência interessante ao lidar com escalas cosmológicas é que podemos testar qualquer teoria completa e alternativa da gravidade, porque ela deveria prever as coisas que observamos”, disse Uros Seljak, professor na Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, e no Instituto de Física Teórica da Universidade de Zurique, na Suíça, um dos autores do estudo.
“As teorias alternativas que não requerem matéria escura não passaram nos testes”, disse Seljak. Uma delas é a teoria da gravidade tensor-vetor-escalar (TeVeS), que modifica a relatividade geral ao evitar contemplar a existência da matéria escura.
O novo estudo contradiz um outro divulgado no ano passado que indicou que o Universo em seu início, entre 11 e 8 bilhões de anos atrás, não poderia se encaixar na descrição relativística geral da gravidade.
O novo trabalho foi publicado na edição desta quinta-feira (11/3) da revista Nature e tem como um dos autores James Gunn, professor de física na Universidade Princeton e “pai” do Sloan Digital Sky Survey, projeto iniciado em 2000 que pretende mapear um quarto do céu, observando mais de 100 milhões de objetos.
De acordo com a Teoria da Relatividade Geral, publicada por Einstein em 1915, a matéria (energia) curva o espaço e o tempo à sua volta – a gravitação é um efeito da geometria do espaço-tempo.
Isso significa que a luz se curva à medida que passa por um objeto de grande massa, como o núcleo de uma galáxia. A teoria foi validada muitas vezes na escala do Sistema Solar, mas testes em escala galáctica ou cósmica até então se mostraram inconclusivos.
Tais testes se tornaram importantes nas últimas décadas porque a ideia de que uma massa invisível permeia todo o Universo foi combatida por diversos físicos teóricos, levando a teorias alternativas que alteraram a relatividade geral de modo a não contemplar a existência de matéria escura.
A teoria TeVeS, por exemplo, estipula que a aceleração causada pela força gravitacional de um determinado corpo depende não apenas da massa desse corpo, mas também do valor da aceleração promovida pela gravidade.
A descoberta da energia escura, a força misteriosa que causa a expansão acelerada do Universo, levou à formulação de outras teorias para explicar a expansão sem levar em conta a energia escura, cuja existência ainda é hipotética.
Segundo Seljak, testes para comparar teorias concorrentes não são fáceis. Experimentos cosmológicos, como detecções da radiação cósmica do fundo em microondas, tipicamente envolvem medir flutuações no espaço, enquanto teorias gravitacionais estimam relações entre densidade e velocidade, ou entre densidade e potencial gravitacional.
“O problema é que o tamanho da flutuação, por ele mesmo, não nos diz coisa alguma sobre as teorias cosmológicas que estão por trás. Trata-se essencialmente de uma perturbação da qual gostaríamos de nos livrar”, disse.
Ao usar dados de mais de 70 mil galáxias vermelhas distantes, obtidos pelo Sloan Digital Sky Survey, Seljak e colegas verificaram que a teoria TeVeS mostrou resultados além dos limites de erro estabelecidos. A Teoria da Relatividade Geral se encaixou dentro do limite.
Os pesquisadores pretendem reduzir a margem de erro e, para isso, querem ampliar o escopo da análise para 1 milhão de galáxias. A quantidade será possível com a entrada em operação do projeto Baryon Oscillation Spectroscopic Survey, previsto para daqui a cinco anos.
O artigo Confirmation of general relativity on large scales from weak lensing and galaxy velocities (Vol 464 11 de março de 2010 doi:10.1038/nature08857), de Reinabelle Reyes e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em http://www.nature.com/

terça-feira, 16 de março de 2010

Criacionistas e negacionistas do clima têm discursos similares

Saiu na Folha de São Paulo:

Uma lei que acaba de ser aprovada pela assembleia da Dakota do Sul (Meio-Oeste dos EUA) faz recomendações para o ensino de ciências nas escolas públicas estaduais, advertindo "isso é uma teoria, não um fato científico comprovado" e pedindo a apresentação "equilibrada e objetiva" dos dados.
Errou quem está achando que a lei versa sobre a teoria da evolução. O tema dela é o ensino do aquecimento global.
A semelhança de palavras-chave está longe de ser mera coincidência. A lei da Dakota do Sul parece apenas tomar de empréstimo a retórica dos criacionistas americanos e aplicá-la a mais uma questão polêmica, mas outros Estados americanos, como Texas, Louisiana, Oklahoma e Kentucky, também aprovaram ou discutiram legislação que cita, lado a lado, a teoria da evolução e as mudanças climáticas como assuntos que os professores deveriam explorar como controversos ou em aberto.
Há uma convergência ao menos parcial de interesses entre criacionistas e céticos do clima (como são chamados os que negam o aquecimento global ou, ao menos, a contribuição majoritária do homem para o fenômeno).
Esse é o perfil, por exemplo, do senador James Inhofe (Partido Republicano de Oklahoma), ou dos membros do Discovery Institute, a organização americana que é a principal proponente do chamado design inteligente, versão repaginada do criacionismo.
Mas não se trata de um fenômeno restrito aos EUA. O representante do design inteligente no Brasil, Enézio de Almeida Filho, já se declarou com frequência um cético da mudança climática causada pelo homem em seu blog, "Desafiando a Nomenklatura Científica".
Cristãos criacionistas brasileiros, como o adventista Michelson Borges, editor da Casa Publicadora Brasileira e mantenedor do blog Criacionismo.com.br, reconhecem a aproximação entre os dois campos. "A convergência se dá simplesmente pelo fato de que os criacionistas, no esforço por se pautarem por pesquisas fidedignas e dados concretos, deram-se conta, já há algum tempo, de que estava havendo certo exagero na questão do aquecimento antropogenicamente causado", afirma ele.
Joshua Rosenau, do Centro Nacional para Educação Científica dos EUA, lembra que os dados mais recentes sobre as atitudes da população americana em relação à ciência indicam uma proximidade estatística entre criacionistas e céticos da mudança climática.
"A correlação não é imensa, mas também não é trivial", contou ele à Folha. "A aceitação do aquecimento global [causado pelo homem] é de duas a três vezes mais comum entre as pessoas que também aceitam a evolução. Por outro lado, entre os criacionistas, o número de pessoas que aceita o aquecimento é mais ou menos igual ao das que o negam", diz Rosenau, citando levantamento feita no ano passado pelo Centro de Pesquisas Pew com cerca de 2.000 americanos.

Astros e chifres
A linguagem do projeto de lei original da Dakota do Sul (o qual, a rigor, não estabelece sanções, mas apenas faz recomendações aos professores) leva qualquer um a se sentir tentado a atribuir a aliança entre céticos do clima e criacionistas à ignorância compartilhada.
O texto falava da "variedade de dinâmicas climatológicas, meteorológicas, astrológicas, termológicas e ecológicas que podem efetuar [sic] os fenômenos mundiais do clima" e usava a criação de vacas leiteiras na Groenlândia medieval como exemplo dos benefícios de um planeta mais quente. Tanto a astrologia quanto os bovinos sumiram do texto final.
A parceria entre criacionistas e céticos do clima se fortalece num momento político complicado para a ciência climática. Uma série de deslizes na maneira como foi produzido o último relatório do IPCC, o painel do clima da ONU, foram usados para turbinar o descrédito contra as conclusões dos pesquisadores no começo deste ano.
Também não ajudou o vazamento de uma série de e-mails trocados entre climatologistas, roubados dos servidores da Universidade de East Anglia, que os céticos do clima interpretaram como indícios de maquiagem dos dados sobre o aquecimento global.
As acusações foram rebatidas, em grande medida, mas sua divulgação tem ajudado a direita americana a encurralar o governo Obama em suas tentativas de aprovar leis capazes de limitar a emissão de gases do efeito estufa nos EUA.

Afinidades eletivas
As afinidades entre criacionistas e negacionistas do clima são complexas. Em parte, há a coincidência ideológica e social, já que ambos os grupos estão associados à direita de inspiração religiosa.
Alguns criacionistas, como Borges, têm reservas teológicas em relação ao movimento ambientalista associado ao combate à mudança climática global (leia entrevista à direita). E há, claro, o casamento de interesses econômicos.
"Dos negacionistas do aquecimento global, a maioria é motivada principalmente pelos negócios e pela política. Um número chocante de pessoas parece se opor à ideia porque não gostam de Al Gore. Muitos trabalham em empresas petrolíferas ou pertencem a indústrias que teriam de pagar pela mitigação do aquecimento", diz Rosenau. "Então, creio que é uma aliança entre conservadores religiosos e conservadores econômicos. Descobriram táticas que funcionam e compartilham-nas livremente."
Para Sandro de Souza, biólogo do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer que abordou o movimento criacionista em seu livro "A Goleada de Darwin" (Editora Record), é mais fácil imaginar qual é o interesse político de criacionistas em apoiar o negacionismo climático. "É uma maneira de colocar as coisas no mesmo saco. Os criacionistas diriam: "Vocês viram como eles [os climatologistas] colocaram a ideologia na frente da ciência".
"Ora, assim como a ideologia contaminou o clima, também poderia contaminar a teoria da evolução. Seria uma espécie de prova de princípio para eles", exemplifica o biólogo brasileiro.
"Os criacionistas apoiam qualquer crítica do status quo científico porque acreditam que isso favorece seu argumento central: não aceitar as conclusões dos cientistas. Sobreposições culturais e sociais entre criacionistas e negacionistas existem, mas estão longe de serem precisas. Muitos negacionistas não apoiam o criacionismo", adverte Francisco Ayala, ex-frade dominicano e biólogo da Universidade da Califórnia em Irvine que acompanha de perto os debates sobre a teoria da evolução nos EUA.
Exemplo disso é Richard Lindzen, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), o qual, em suas apresentações, ironizou os próprios climatologistas que defendem o aquecimento global causado pelo homem comparando-os aos defensores do design inteligente.
Rosenau também lembra que nem todos os criacionistas aderiram ao campo negacionista. "Cristãos teologicamente mais liberais, que podem acreditar na criação divina mas não desejam que ela seja ensinada nas escolas, tendem a simpatizar com o movimento do Cuidado com a Criação [movimento ambientalista evangélico], e a aceitar o fato do aquecimento global justamente porque acreditam que Deus lhes deu o domínio sobre a Terra", afirma.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Experimento mostra evolução induzida por competição

O Jornal Estado de São Paulo publicou uma matéria interessante sobre a hipótese da Rainha Vermelha.

Segundo biólogos da Universidade de Liverpool, trabalho confirma hipótese Rainha Vermelha sobre evolução.

Observando a evolução de vírus que infectam bactérias ao longo de centenas de gerações, pesquisadores da Universidade de Liverpool descobriram que, se as bactérias conseguiam evoluir novas defesas, a evolução dos vírus acelerava-se e gerava maior diversidade, na comparação com situações onde as bactérias eram incapazes de se adaptar para combater a infecção.
Segundo biólogos da universidade, o estudo, publicado na revista Nature, indica que o biólogo americano Leigh Van Valen estava correto em sua "Hipótese da Rainha Vermelha".
A ideia, proposta pela primeira vez nos anos 70, recebeu o nome por conta de um trecho do livro Alice Através do Espelho, de Lewis Carroll, onde a Rainha Vermelha diz que "é preciso correr tudo o que se pode para não sair do lugar". Isso sugeriu o conceito de que as espécies estão numa constante corrida pela sobrevivência, e precisam evoluir novas defesas o tempo todo.
Steve Paterson, da Escola de Biociências da universidade, explica que, no passado, acreditava-se que a maior parte da evolução se dava em resposta à necessidade de adaptação ao ambiente.
A Hipótese da Rainha Vermelha modifica isso, ao indicar que a maior parte da seleção natural acontecerá, na verdade, de interações coevolutivas entre diferentes espécies, e não de interações com o ambiente.
"Isso sugere que a mudança evolutiva foi criada por adaptações do tipo 'toma-lá-dá-cá' entre espécies em constante combate". Paterson diz que, embora a teoria seja bem aceita, o novo estudo apresenta a primeira demonstração do princípio num experimento com seres vivos.